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CIÊNCIAS - 6ª SÉRIE



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FÓSSEIS

1- INTRODUÇÃO


Dinossauros


Imagine a cena de um crime que aconteceu a anos atrás. Não há muito a procurar: alguns poucos ossos, a face de uma pedra exposta e algumas balas. Mas para um investigador de cena de crime, essas pistas contam uma história. O tamanho e formato dos ossos revelam se a vítima era um homem ou uma mulher. Ossos fragmentados indicam o ponto de entrada de ­ uma bala. Uma marca na face da pedra traça o percurso de uma bala que errou seu alvo.




Um fóssil de Microraptor de uma floresta de 130 milhões de anos que existiu na atual Liaoning Province, China, é exibido no Museu Americano de História Natural, na cidade de Nova York


Você pode pensar em fósseis usando a mesma lógica de raciocínio. Os fósseis contam uma história, assim como as pistas na cena de um crime. Pode parecer estranho imaginar a Terra como uma cena de crime gigante, mas de uma certa forma, é exatamente isso o que os paleontologistas estão fazendo quando procuram e estudam fósseis. Primeiro, os pesquisadores procuram por evidências, semelhantemente aos investigadores de cena de crime. Depois, os paleontologistas e os peritos forenses estudam essas evidências para responder, de uma maneira ou de outra, uma questão básica: o que aconteceu?

Essa pergunta tem vários ângulos. Um dos mais óbvios (o que aconteceu aos dinossauros?) é realmente um dos menos importantes. Ao estudar os fósseis, você pode explorar perguntas como:

- Quais foram as primeiras formas de vida em nosso planeta?
- De onde vieram essas formas de vida? O que aconteceu com elas?
- Como a vida na Terra mudou com o tempo?
- Como o clima na Terra mudou com o tempo?
- De onde vieram novas espécies de plantas e animais, e qual sua relação com as espécies extintas?

Essas perguntas são complexas e, para muitas pessoas, elas são extremamente importantes. Elas tentam abordar a história de nosso planeta, incluindo de onde veio a vida e como ela se desenvolveu ou evoluiu. Como fornecem um registro físico da vida na Terra, os fósseis são uma grande fonte de indícios quando questões como essas são estudadas.

Mas os fósseis não nos contam a história completa. Eles geralmente preservam somente parte de um organismo: a parte que era dura e resistente. Eles também são traços fósseis, que preservam evidências de que um organismo existiu, como marcas de dentes ou pegadas, mas não preservam o próprio organismo. Os fósseis também se formam somente em condições muito específicas, independentemente de estarem petrificados, carbonizados, mumificados, congelados ou encobertos em uma substância como piche ou âmbar. Por essa razão, somente uma fração dos organismos que existiram na Terra aparecem no registro fóssil, ou o total combinado dos fósseis descobertos na Terra e as informações apreendidas com eles. Além disso, existem lacunas no registro fóssil, ainda que as descobertas em andamento de novos fósseis e depósitos fossilíferos possam preencher essas lacunas futuramente.

Para compreender tudo isso, você precisa conhecer um pouco de geologia, decomposição e o próprio processo de fossilização. Neste artigo, vamos explorar cada um desses tópicos e ver exatamente o que acontece numa escavação de fóssil. Começaremos vendo dois dos processos fundamentais à criação dos fósseis: a formação das camadas da Terra e a decomposição de seus resíduos.


2 - FORMANDO E DESTRUINDO: GEOLOGIA E DECOMPOSIÇÃO

Se você leu Como funciona a Terra, sabe que a estrutura física da Terra tem várias camadas distintas. Existe um núcleo interno sólido, um núcleo externo derretido, uma manta maleável e uma crosta sólida. A crosta, a camada mais fina, forma a superfície da Terra e é onde os fósseis são formados e descobertos.




Na área de Recreação Nacional do Lago Mead você pode ver camadas expostas de rocha sedimentares de vários períodos da era Paleozóica

A maioria das rochas encontradas dentro e sobre a crosta da Terra são rochas sedimentares. Elas se formam quando sedimentos, como barro e areia, se juntam e endurecem. Com o passar de milhões de anos, esse processo resulta em espessas camadas de rocha sedimentar. Em algumas partes do mundo, como o Grand Canyon, você pode ver essas camadas. Cada camada é mais jovem que a camada abaixo dela e mais antiga que a camada acima dela, um conceito descrito primeiramente pelo geólogo Nicholas Steno no século XVII [fonte: Museu de Paleontologia da Universidade da Califórnia.]

Isso pode parecer um processo organizado e ordenado, mas a Terra é dinâmica. Seus continentes repousam sobre placas que se movem muito lentamente em relação umas às outras. As placas podem colidir umas com a outras ou se afastar, ou a borda de uma placa pode deslizar sob a borda da outra. Toda essa atividade pode empurrar camadas mais antigas de rocha para a superfície e enterrar outras. É por isso que algumas formações rochosas têm camadas, ou estratos, que aparecem como faixas ou redemoinhos verticais em vez de camadas horizontais. Também é por isso que rochas da mesma idade podem ser encontradas em partes muito diferentes do mundo: o movimento da superfície do planeta transportou essas formações geológicas de um lugar para outro. Você pode aprender mais sobre o processo em Como funcionam os terremotos. Os efeitos ambientais, como o clima e a erosão, também podem revelar camadas mais antigas de rocha sedimentar.

Essa é uma visão muito simplificada do processo, mas ela demonstra dois pontos-chave que são necessários à compreensão dos fósseis. Um é que a rocha sedimentar forma a superfície da Terra. O outro é que o movimento da Terra tem um grande impacto sobre como e onde essas rochas aparecem.

A outra coisa que você precisa saber é que a Terra é muito eficiente para se livrar de seus resíduos. Organismos vivos se decompõem após morrerem. Apesar de algumas pessoas imaginarem a decomposição como um processo natural que ocorre sem influências externas, existem muitos fatores agindo para evitar que o planeta seja enterrado em resíduos. Aqui estão alguns dos componentes da equipe de limpeza da Terra:

- BACTÉRIAS AERÓBICAS ou bactérias que crescem na presença de oxigênio, consomem e decompõem os finos tecidos dos organismos;
- CARNICEIROS , como os urubus, consomem os corpos de animais mortos;
- INSETOS, como baratas e formigas, comem e digerem resíduos de plantas e animais, retornando-os ao solo como um tipo de fertilizante;
- CLIMA E EROSÃO decompõem os resíduos fisicamente, mas bactérias e outras formas de vida têm um papel muito maior na decomposição.


Mas como tudo isso se aplica aos fósseis? Primeiro, apesar das exceções, a maioria dos tipos de fósseis se forma em rocha sedimentar. Segundo, todos os tipos de fossilização envolvem proteger um organismo vivo de agentes de decomposição. A seguir, veremos mais detalhadamente como esses dois fatores trabalham juntos e por que a fossilização tem mais probabilidade de ocorrer na água do que sobre a terra.


FÓSSEIS VIVOS

Quando uma planta ou animal se parece muito com seus ancestrais no registro fóssil, o que significa que mudou muito pouco durante milhões de anos, ele passa a ser chamado de fóssil vivo. Exemplos de fósseis vivos são os caranguejos-ferradura, a planta ginko biloba e o peixe celecanto.



3 - DO OSSO À PEDRA: CRIANDO FÓSSEIS

A maioria dos esqueletos de dinossauro que você vê em museus existe devido às rochas sedimentares. Esses fósseis começaram a surgir quando um dinossauro morreu em um ambiente que tinha muito sedimento móvel, como um oceano, leito de rio ou lago. Um local assim é uma zona bêntica: a parte mais profunda de um corpo d´água. Esse sedimento rapidamente enterrou o dinossauro, oferecendo ao seu corpo proteção contra a decomposição. Enquanto as partes macias do dinossauro eventualmente se decompuseram, suas partes duras (ossos, dentes e garras) permaneceram.




Ovos fossilizados em exibição no Museu da Mongólia, na capital regional de Hohhot


Mas um osso enterrado não é a mesma coisa que um fóssil. Para se tornar um fóssil o osso precisa se tornar rocha. As partes orgânicas do osso, como as células sangüíneas, colágeno (uma proteína) e gordura, eventualmente, se decompõem. Mas as partes inorgânicas do osso, ou as partes compostas de minerais como o cálcio, têm mais poder de permanência. Elas permanecem após o desaparecimento dos materiais orgânicos, criando um mineral frágil e poroso no formato do osso original.




Um cipreste-dos-pântanos fossilizado de 8 milhões de anos, que foi preservado em uma mina de carvão fóssil a céu aberto, no noroeste da Hungria.


Outros minerais reforçam esse osso, fundindo-o em um fóssil. A água gradualmente percorre o interior do osso, transportando minerais como ferro e carbonato de cálcio extraídos do sedimento circundante. Quando a água penetra os ossos do dinossauro, alguns desses materiais se precipitam dentro de seus poros microscópicos. À medida que esse processo continua, o osso se torna mais e mais parecido com rocha. Isso é como encher uma esponja com cola (em inglês): a estrutura física da esponja permanece a mesma, e os poros e buracos dentro dela são preenchidos. A cola torna a esponja mais robusta e mais resistente a danos. Ossos grandes e espessos, que têm mais espaço para a cola mineral, formam fósseis melhores do que ossos pequenos e finos.

Com o passar de milhões de anos, o sedimento ao redor desses ossos reforçados se torna rocha sedimentar. A erosão, as marés e outros processos naturais continuam a depositar mais sedimento, e esse sedimento também se torna rocha. Enquanto eles podem reter a pressão da rocha circundante, os ossos permanecem ocultos e preservados de forma segura. Após milhões de anos, algum processo natural, como a mudança gradual da superfície do planeta, pode revelar essas camadas e os fósseis que elas contêm.





Uma trilha fóssil no declive de uma colina no condado de Yongjing, no noroeste da província de Gansu, na China


A rocha sedimentar também pode conter traços fósseis, que registram o comportamento de um organismo. Alguns dos traços fósseis mais conhecidos são as trilhas fósseis, ou percursos de animais extintos. Eles se formam quando um animal deixa suas impressões em solo macio, mas firme, que cria um molde. Esse molde é enchido com sedimento, e ambos, o molde e seu preenchimento, endurecem durante milhões de anos. Forças naturais como a erosão removem as camadas superiores da rocha, revelando as pegadas preservadas sob elas.

O sedimento também pode encher o molde e endurecê-lo em uma fôrma, ou uma reprodução da pata que criou a pegada. Isso também pode acontecer com outros traços como tocas e túneis. Alguns outros traços fósseis incluem coprólitos (esterco fossilizado), marcas de dentes em ossos ou madeira, e ninhos. O sedimento pode até preservar a vida da planta. As plantas podem deixar impressões no sedimento endurecido ou se tornar madeira petrificada após passar por grande parte do mesmo processo dos ossos de dinossauro fossilizados.

Esse tipo de fossilização cria fósseis mais resistentes, mas ele somente pode ocorrer sob condições específicas. A seguir, veremos outras maneiras pelas quais formas de vida podem ser enterradas, encobertas ou de alguma maneira protegidas para que seus restos permaneçam por milhões de anos.



4 - MÚMIAS, PICHE E ÂMBAR

Enterrar um corpo em sedimento não é a única forma de gerar um fóssil. De fato, algumas das descobertas de fósseis mais incríveis do mundo não envolveram rocha sedimentar de maneira alguma. Vamos dar uma olhada em alguns dos outros métodos naturais para preservar os restos de organismos vivos.

Se um animal morre em um local seco e protegido, como uma caverna árida, seus restos podem desidratar ou dissecar. Algumas vezes, esses fósseis são conhecidos como fósseis mumificados, apesar de não terem passado pelo tipo de processo usado para preservar múmias egípcias. Em vez disso, o processo se parece mais com a desidratação de uma carne ou fruta: a remoção da água do corpo torna-o inóspito às bactérias e, assim, os restos duram mais. A dissecação pode preservar a pele de um organismo e seus tecidos moles, o que a fossilização em sedimento geralmente não faz.




As piscinas de piche de La Brea e o museu adjunto a elas estão localizados em Los Angeles, Califórnia


Outra forma de fossilização que pode preservar o corpo inteiro de um animal é o congelamento. Assim como ocorre com a dissecação, as temperaturas congelantes podem diminuir o ritmo da invasão das bactérias e a subseqüente decomposição de um corpo. Uma espessa camada de gelo ou solo congelado também pode deter os predadores. Os pesquisadores descobriram corpos de mamute bem preservados em tundras congeladas e grutas gélidas. Às vezes, esses corpos ainda têm pele, cabelo e órgãos intactos, o que dá aos paleontólogos uma idéia mais completa da aparência do animal e de sua fisiologia. O congelamento também pode preservar espécimes, mas geralmente não tão bem quanto a dissecação.

Quando um animal é preso em piche ou parafina que ocorre naturalmente, seu corpo inteiro pode ser preservado. Enquanto a parafina e outras ceras podem preservar o tecido mole de um animal, substâncias como o piche preservam somente as partes duras. Um bom exemplo disso são os mamíferos e as plantas preservadas no La Brea Tar Pits, em Los Angeles, Califórnia. A cor dos ossos escavados das piscinas de piche geralmente é marrom escuro, pois eles absorveram o piche através de seus poros. O piche e a parafina também podem preservar plantas. Algumas formas de vida, incluindo os seres humanos, também foram preservadas em turfa, que é composta principalmente de musgos decompostos.




Um homem segura um inseto fossilizado em âmbar durante uma exposição de minerais e gemas do Paquistão, em maio de 2002


Quando um inseto pousa sobre resina de árvores, restos de plantas e pólen podem ser encobertos pela resina da árvore. Os componentes voláteis da resina evaporam em milhares de anos. Primeiro, ela se torna uma substância dura conhecida como copal, e quando todos os componentes voláteis desaparecem, ela se torna um material duro e inerte chamado âmbar. Esses espécimes são muito úteis, pois preservam a estrutura física inteira do fóssil. O âmbar também pode conter bolhas de água, ar e gás.


Todos esses tipos de fósseis, e os ossos preservados em rocha sedimentar, podem dar aos cientistas muitos indícios de como a vida se desenvolveu no planeta. Mas os paleontólogos somente podem estudar o que podem encontrar. Continue a ler para saber como os cientistas encontram e recuperam fósseis.


SANGUE DE PEDRA

Nos últimos 10 anos, os cientistas fizeram descobertas surpreendentes sobre fósseis de dinossauros. Por exemplo, a pesquisadora Mary Schweitzer, da N.C. State University, descobriu o que parecem ser células sangüíneas e proteína em ossos de um tiranossauro rex criacionista de 65 milhões de anos. Enquanto alguns consideraram a descoberta como uma prova de que a idade da Terra é bem inferior a 4,5 bilhões de anos, muitos cientistas encararam a descoberta como uma pergunta não respondida sobre a criação dos fósseis e sobre quanto tempo o tecido mole pode, de fato, durar.



5 - A BUSCA POR FÓSSEIS




Paleontólogos escavam um mastodonte de mais de 30 mil anos de idade e os restos de vários outros animais extintos no Projeto da Reserva Eastside, perto de Hemet, Califórnia


Se você deseja estudar um animal na natureza, você começa descobrindo o seu hábitat (você viaja para a Austrália para estudar os cangurus ou para a China para estudar os coalas). O mesmo vale para os fósseis. Se você estiver procurando por mamutes ou outros mamíferos congelados, você os buscará em geleiras, grutas congeladas e tundras. Para descobrir fósseis em rocha sedimentar, você procurará por camadas de rocha que tenham a mesma idade dos fósseis que você deseja estudar. Para fazer isso, você consultaria um mapa geológico, que mostra as localizações, características e idades das formações rochosas.


Os cartógrafos usam fontes de dados como fotos aéreas e pesquisas para determinar os locais e suas características. As idades da rocha são calculadas por meio de datação radiométrica. Você pode ter ouvido falar de um tipo de datação radiométrica, a datação do carbono-14, que os cientistas geralmente usam para determinar a idade de artefatos arqueológicos. Como todos os métodos de datação radiométrica, a datação do carbono-14 determina a idade de uma amostra analisando a desintegração radioativa de átomos específicos na amostra. Os átomos medidos são os isótopos: átomos que são idênticos, exceto pelo número de nêutrons em seus núcleos. Você pode ler mais sobre esse processo em Como funciona a radiação nuclear. Os isótopos usados para determinar a idade das rochas perdem seus nêutrons extras até se tornarem estáveis, e os cientistas medem as proporções dos dois isótopos.





Fósseis de três trilobites na exposição America Migrante durante o Fórum Universal de Culturas de Monterrey 2007, em Monterrey, México


A datação do carbono-14 não é usada para medir a idade de fósseis porque sua meia-vida (a quantidade de tempo necessária para que metade dos átomos da amostra se desintegre) é muito curta. A datação do carbono-14 pode determinar a idade das amostras até cerca de 60 mil anos atrás, mas muitas camadas de rocha e os fósseis que elas contêm têm milhões ou bilhões de anos de idade. Para determinar as idades dessas amostras, os cientistas medem outros isótopos radioativos, como o potássio-40 e o urânio-238, que são encontrados em rocha ígnea circundante. Cada um desses isótopos tem uma meia-vida de mais de um bilhão de anos, comparados com a meia-vida do carbono-14 de somente 5.730 anos.

Portanto, se você deseja procurar por ossos de um tiranossauro rex, deve buscar rochas expostas que tenham cerca de 65 milhões de anos de idade. Se deseja encontrar um trilobite, como aqueles retratados acima, você precisa de uma rocha muito mais antiga: ela deve ter mais de 245 milhões de anos de idade. E se você quiser estudar a cianobactéria que compõe algumas das formas de vidas mais antigas da Terra, precisa encontrar rochas que tenham cerca de 3,5 bilhões de anos de idade.

Depois de encontrar a rocha certa, descobrir um fóssil requer sorte e um bom olho. A fossilização é uma ocorrência relativamente rara, assim você pode gastar muito tempo vasculhando uma provável formação sem descobrir quaisquer ossos, pegadas ou impressões. Se você encontrar um fóssil, a próxima etapa é a escavação e a preparação. Na próxima página, vamos ver o que é necessário para separar osso de rocha.


UM PARADOXO ROCHOSO

Nos séculos 18 e 19, antes do desenvolvimento da datação radiométrica, descobrir onde encontrar fósseis era algo um tanto paradoxal. Para determinar a idade de uma camada de rocha, os cientistas estudavam os fósseis contidos nelas e os comparavam aos fósseis encontrados em outros locais.



6 - ESCAVAÇÃO E PREPARAÇÃO




O paleontólogo Michael Henderson, do Museu de História Natural Burpee, em Rockford, limpa os resíduos de um osso de mandíbula de um nanotyrannus


Para se tornar um fóssil, um organismo precisa morrer em um ambiente que encoraje a fossilização. Isso não ocorre muito freqüentemente, e acontece somente em certos ambientes. Por essa razão, o número total de fósseis é extremamente pequeno comparado ao número de plantas e animais que já viveram. Os fósseis também são muito menos diversificados do que a vida animal e vegetal: somente uma pequena porcentagem de espécies se tornou fósseis. Além disso, as espécimes de fóssil precisam sobreviver milhões de anos, suportando terremotos, atividade vulcânica e a imensa pressão das camadas circundantes da rocha.


Por essa razão, cada espécime de fóssil pode ser importante: ela tem o potencial de acrescentar algo ao conhecimento científico sobre a vida na Terra. Isso é especialmente verdadeiro se o fóssil é de um animal vertebrado ou de algum que tenha espinha dorsal. Quando paleontólogos amadores descobrem fósseis de vertebrados, a melhor coisa a fazer é entrar em contado com um museu ou instalação de pesquisa para obter ajuda. Existem vários motivos para isso, leia alguns deles abaixo.


- Remover um fóssil de suas cercanias anula o seu contexto: você perde qualquer conhecimento sobre outra espécie de planta ou animal que foi fossilizado nas proximidades.
- Apesar de serem feitos essencialmente de rocha, é muito fácil danificar fósseis durante a escavação. Como alguns depósitos fossilíferos contêm os ossos de muitos animais, também pode ser difícil indicar quais ossos pertencem a quais espécies.





Especialistas protegem um dente de elephas em um canteiro de obras em Beijing, China, com moldura e ripas de madeiras


Para os paleontólogos, a escavação de um fóssil é um processo lento e cuidadoso. Apesar de uma equipe de escavação poder usar ferramentas grandes e guindastes para remover um esqueleto inteiro em uma grande laje, remover os ossos da rocha circundante leva tempo e paciência. Por essa razão, ao trabalhar com grandes esqueletos ou ossos, os paleontólogos geralmente removem grandes espécimes, as embalam em gesso e as enviam para uma instalação de pesquisa para facilitar seu estudo.

Ao trabalhar partindo das superfícies de osso expostas para as superfícies não-expostas, os paleontólogos lentamente lascam a matriz da rocha que circunda o osso. Isso pode parecer difícil, mas existe um nível de debilidade entre o osso e a rocha. A rocha tenderá a se partir ao longo desse nível com a ajuda de ferramentas, como pincéis e instrumentos dentários. Os paleontólogos também podem pulverizar a rocha com água para amolecer o sedimento.

Às vezes, o osso fossilizado é quebradiço: tão quebradiço que o processo de remoção poderia fazê-lo se despedaçar ou quebrar. Quando isso ocorre, os pesquisadores reforçam o osso com uma cola ou resina fina. Esse líquido encharca o osso, reforçando sua estrutura. Essa etapa requer muito cuidado, já que a cola pode permanentemente unir ao osso lascas de sedimento ou poeira.

Depois que o fóssil é removido da rocha, os cientistas podem determinar sua idade usando um espectrômetro de massa, medindo os isótopos para a datação radiométrica. Outra técnica é comparar o fóssil a outras amostras com idades conhecidas. Outras ferramentas incluem varreduras de tomografia computadorizada e modelos de computador. Quando se trata de animais vertebrados, os paleontólogos também podem lidar com o esqueleto como se ele fosse um gigante quebra-cabeça, tentando descobrir exatamente como os ossos se encaixam para determinar como o animal vivia e se movimentava.

O objetivo geral de tudo isso é aprender algo sobre a vida na Terra. A seguir, vamos explorar algumas coisas que o estudo dos fósseis pode revelar.


7 - O CONHECIMENTO QUE VEM DA PEDRA: ESTUDANDO OS FÓSSEIS

Quando os pesquisadores olham para uma camada de rocha, eles olham para todos os fósseis contidos lá, determinando quais espécies viviam no mesmo período. Ao olhar para as camadas de rochas vizinhas, os pesquisadores podem eventualmente determinar como a vida se desenvolveu durante os bilhões de anos da história da Terra. Todas essas descobertas ajudam a criar o registro fóssil: a coleção total de todos os fósseis conhecidos na Terra.





O professor Fernando Novas demonstra sua teoria de que os pássaros são descendentes diretos dos dinossauros durante uma conferência de imprensa na National Geographic Society, em Washington, D.C.

Esses relacionamentos podem dar aos cientistas muitas pistas sobre como a vida mudou com o tempo. Aqui estão alguns exemplos:

- um súbito aumento no número de algas fossilizadas pode estar relacionado a uma mudança no clima e nas fontes de alimento disponíveis;
- pólen fossilizado pode revelar os tipos de árvores e outras plantas que cresciam durante períodos específicos, mesmo se as próprias plantas não foram fossilizadas;
- diferenças nos tamanhos dos anéis em madeira petrificada podem corresponder a mudanças no clima.





O estudante de PhD, Erich Fitzgerald, da Universidade Monash e Pesquisador do Museu Victoria, inspeciona o crânio de um fóssil de 25 milhões de anos do sudoeste da Austrália


Os cientistas podem usar os relacionamentos entre fósseis de diferentes períodos para embasar a teoria da evolução. Por exemplo, um paleontólogo poderia estudar os restos fossilizados de cavalos pré-históricos para determinar como eles se relacionam com os cavalos modernos. As similaridades entre alguns ossos de dinossauros e os ossos dos pássaros de hoje sugerem que alguns dinossauros eventualmente evoluíram para pássaros.





Essa réplica de fóssil de uma espécime de folha de 90 milhões de anos foi usada para ajudar a identificar o pinheiro Woollemi, uma antiga e rara espécie de pinheiro


Fósseis transicionais, ou fósseis que exibem características de mais de um tipo de animal, também podem embasar a teoria da evolução. Por exemplo, o crânio mostrado acima é um fóssil de 25 milhões de anos de uma baleia com barbatana. Mas diferentemente das baleias com barbatanas de hoje, essa tinha dentes afiados. Ela parece ser uma etapa intermediária entre as baleias extintas, que tinham pernas e dentes, e as baleias de hoje.

Os cientistas também podem usar os fósseis para identificar espécies de plantas e animais que existem atualmente. Pesquisadores identificaram a espécie de pinheiro mostrada à direita com a ajuda de uma impressão de fóssil de 90 milhões de anos de idade.

E os fósseis podem até ajudar os pesquisadores a compreender a vida humana. As espécimes de fóssil revelam muitos ancestrais parecidos com os humanos que viveram há milhões de anos. Os crânios mostrados acima são de uma variedade de antigos ancestrais humanos, e eles demonstram como o formato do crânio, que se relaciona com o tamanho e estrutura do cérebro, pode ter mudado à medida que os humanos evoluíram.

Esses e outros fósseis fizeram enormes contribuições à vida na Terra, e os cientistas continuam a fazer novas descobertas. Algumas das mais novas descobertas vêm dos recentemente escavados depósitos fossilíferos na China. Um depósito como esse se encontra na Província de Liaoning, no noroeste da China. Em 2005, pesquisadores escavaram amostras de 90 espécies de vertebrados, 300 espécies de invertebrados e 60 espécies de plantas. Algumas dessas descobertas estão preenchendo lacunas no registro fóssil, enquanto outras estão confirmando teorias existentes de cientistas, como a de que alguns dinossauros tinham penas.





Uma coleção de fósseis considerada como a série evolucionária do homem desde sua mais remota existência há milhões de anos é retratada no Museu Nacional, que tem 75 anos, em Nairóbi


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Material retirado do site: http://ciencia.hsw.uol.com.br/fossil.htm

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